'Revoada' revive drama do cangaço em uma narração pós Lampião

0

Longa de José Umberto destaca queda final de cangaceiros do sertão

(Foto Divulgação: Abará Filmes)

Revoada retrata o tumulto dos cangaceiros após a morte de Lampião, o famoso líder do cangaço, em 1938. Lampião, nascido Virgulino Ferreira da Silva, foi uma figura central no cangaço, um movimento de banditismo no sertão nordestino do Brasil. 

O enredo se passa em 1938, iniciando na madrugada em que Lampião, o famoso líder dos cangaceiros, é morto em uma emboscada. Após a morte de Lampião, o grupo de cangaceiros, composto por duas mulheres e o restante de homens, está perdido e confuso. Eles não sabem se devem se entregar ou buscar vingança.


(Foto Divulgação: Abará Filmes)

Com o bando em caos e chefiados agora por Lua Nova e sua companheira Jurema, o grupo decide reagir com uma fúria alucinada. Eles juntam uma grande quantidade de ouro, pedras preciosas e muitas mortes pelo caminho, que os encoraja a lutar contra a polícia que está em sua cola, perseguindo-os pelo sertão nordestino.

O filme mostra essa busca desesperada por vingança como uma espécie de "final épico" do cangaço. Ele também se conecta com a história do cinema brasileiro, que muitas vezes retratou esses eventos de forma semelhante aos faroestes americanos. Podemos comparar Revoada como um Faroeste Nordestino.

(Foto Divulgação: Abará Filmes)

Dirigido por José Umberto Dias, o filme recebeu o Cacto de Ouro nas categorias melhor atriz (Analu Tavares), figurino (Zuarte Júnior) e maquiagem (Wilson D'Argolo) no 10º Encontro Nacional de Cinema e Vídeo dos Sertões em Floriano (PI).

Com uma fotografia intensa, seguida com uma trilha bem definida e angustiante (Música por João Omar), as cenas de frustação perante a queda de cada integrante, traz fidelidade ao mesmo tempo que tortura aos olhos de um grupo que perdeu seu líder, perdeu seus ideais, e perdeu sua cultura. Um grupo mesmo na bandidagem desenfreada, se apegava a orações e mitos religiosos da época, acreditando que aquilo que faziam eram o certo. O mal era o certo.

(Foto Divulgação: Abará Filmes)

"Banana podi de macaco... Bota pra fora a prata, o ouro, bota logo vá. As riqueza, os tesouro, as libra esterlina. O ouro de lei que deve di ta enterrado aqui !" - Lua Nova (Revoada - 2009)

Jackson Costa (O dono do mar) como Lua nova foi a escolha perfeita para liderar o bando. Vai de 8 á 80 cena por cena, mesmo com medo da situação que se encontra, botando medo tanto nos moradores quanto no próprio bando. Já a atriz Analu Tavares (de Guerra de Algodão), esbanja nas caras e bocas de uma futura rainha do cangaço. O texto explorado entre uma baronesa de uma das fazendas invadidas e o casal é forte e resume bem o saque nordestino da época.

O resto do elenco tem cada um seu "karma" perante a situação de fuga/redenção, que traz curiosidade até o fim do longa, para saber a que fim teria todos. Mesmo com um fim inevitável, o diretor soube explorar cada personagem de uma maneira diferente, dentro do mesmo plot, o que deixou esta produção deveras interessante.

Na época, os bandidos do cangaço atraiu a juventude nordestina, que se sentia dividida no meio dos bons costumes. O filme "Revoada" explora bem como esses jovens de 1938, vivendo em uma região difícil e desejando uma vida cheia de liberdade, acabavam se voltando para a rebelião e o confronto como uma forma de afirmar sua existência. Oferecendo uma perspectiva profunda sobre sua luta e resistência, mesmo desonesta e sádica.






Revoada
Abará Filmes e VPC Cinemavideo
Direção e roteiro: José Umberto Dias
Estrelando: Jackson Costa, Annalu Tavares, Edlo Mendes, Nelito Reis, Aldri Anunciação, Gil Teixeira, Caio Rodrigo, Nayara Homem, Bernardo D’El Rey, Sérgio Telles, Christiane Veigga e Carlos Betão
 1h 25m | Ficção

Disponível em salas de cinemas selecionadas pelo país.

Postar um comentário

0Comentários
* Sua opinião é muito importante para nós !
Postar um comentário (0)

#buttons=(Aceitar !) #days=(20)

🍪 Usamos cookies neste site Saiba mais
Accept !