Em meio a conspirações e um assassinato, irmãos se reencontram para desvendar a morte do pai.
(Foto Divulgação - Lança Filmes) |
Os Bravos nunca se calam segue a história de dois irmãos sem nenhuma experiência investigativa, que precisam mexer com nomes importantes de uma pequena cidade, baseado apenas nos últimos relatos de seu pai, misteriosamente morto em um incêndio. Vale a pena mesmo acreditar nos fatos, quando todas as pistas apontam para lugares opostos ?
Produzido pela Verte Filmes, e distribuído pela Lança Filmes, o longa nacional é uma história original com um leve humor cotidiano, dirigido por Márcio Schoenardie. Apesar da simplicidade da produção, o filme segue um padrão bem alto que se compara a filmes de festivais e premiações internacionais. O humor despretencioso é a marca registrada na produção. As piadas são bem encaixadas, de maneira que o diálogo é desenvolvido como uma conversa tradicional de família, entre dois irmãos que pensam totalmente diferente da vida, e vivem também em lados totalmente opostos.
Manoela (Duda Meneghetti) uma estudante de jornalismo, se afastou da família e resolveu seguir seus objetivos em outra cidade, nunca atendia as ligações de seu pai, quando recebeu a notícia de que o mesmo morreu acidentalmente em um incêndio. Ao retornar para o enterro, na casa em que nasceu, reencontra sua mãe (Mirna Spritzer), e também seu irmão, Caio (Eduardo Mendonça), como esperado do mesmo jeito que sempre o conheceu. Caio , que almeja um dia se tornar um “gamer profissional”, para trabalhar em casa. O atrito dos dois irmãos é aparente do começo ao fim do filme, mostrando que apesar do mesmo DNA, os dois tem objetivos diferentes na vida.
O pai de Manoela e Caio, é Joaquim (José Rubens Chachá de O Rei da TV), que antes de morrer entregou seu livro para ser publicado, intitulado Os Bravos nunca se calam (que da nome ao longa), relatando que a cidade estaria envolvida em um esquema de corrupção que tinha por base abrir um cassino para lavagem de dinheiro. Com esta suposta alegação e a morte misteriosa do pai, os dois irmãos partem em busca de respostas, acreditando que seu pai, na verdade, tenha sido assassinado por pessoas que não queriam o seu livro publicado.
As cenas durante todo o filme, tem um humor bem leve, mas que funciona de maneira perfeita na tela. O diretor soube encaixar as situações engraçadas (e de mistério) na hora certa, com um tempo de diálogo que se encaixa bem a cada plano sequência. O filme surpreende pelo enredo atrativo, mas sem forçar em nada, com um final bem surpreendente, entregando mais de um plot twist para as várias situações que são entregues durante toda a investigação dos irmãos. Mistérios, aventura, perseguições de carro e até um roubo de bicicleta, se misturam em uma “louca harmonia”, que prende a quem assiste a produção.
Uma outra harmonia em atrito que devo enfatizar na direção de Márcio Schoenardie é que o filme envolve família, convivência entre irmãos que não se veem, um pai que ninguém escuta e uma mãe que cuida dos filhos acima de todas as suas escolhas. Quando assistimos ao filme, nos sentimos imersos neste lar tradicional familiar. A maioria das famílias tem essas diferenças e ambiguidades que fazem ser uma família, sem perfeição, mas que se encontram no final das dores e diferenças.
Em relação aos atores, a atriz/dubladora Duda Meneghetti, se entrega ao papel de maneira agradável na história, levando o peso escondido como filha madura, de nunca atender as ligações de seu velho pai. A atuação de Duda vai do riso ao choro de maneira muito bonita em toda a trama. Já Eduardo Mendonça, inicia o filme com diálogos tímidos que crescem durante o tempo de cena, em uma atuação de um verdadeiro “Nerd home office”. Não posso deixar de destacar também a atuação “agressiva” de Rodrigo Pessin (O homem misterioso no carro preto), que protagoniza um dos melhores plot twist dos filmes nacionais desse ano. Realmente uma entrega simples, mas completa para um filme com o tema proposto.
Com uma história inédita e uma produção simplista, Os Bravos nunca se calam vale uma atenção especial para os que gostam de um cinema nacional clássico e com humor disciplinado.