O Google está sendo processado pelo Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) e por procuradores gerais de onze estados diferentes. A ação judicial acusa a empresa de manter de forma ilegal um monopólio no mercado de buscas da web e de anúncios online, pagando bilhões para impedir a entrada de concorrentes. O caso é comparado com as medidas antitruste tomadas contra a Microsoft na década de 90.
O monopólio do Google nas buscas não teria sido um problema se dependesse apenas de táticas orgânicas, porque o serviço funciona muito bem. Porém, o Departamento de Justiça afirma que a empresa conquistou essa dominância pagando para ser o buscador padrão em celulares e PCs; ou proibindo a pré-instalação de um concorrente.
A acusação é só a primeira fase do que está se configurando como um ataque a diversas frentes do Google. O procurador-geral do Texas, Ken Paxton, está preparando uma denúncia contra a conduta da companhia no mercado de publicidade digital, onde a big tech controla boa parte das tecnologias usadas por anunciantes e publishers para comprar e vender anúncios na web.
O mecanismo de buscas do Google gera a maior parte da receita da companhia e financiou sua expansão para outras frentes de negócios. Sua engenharia de pesquisa afeta milhares de negócios online, que ficam dependendo do Google para chegar até os seus consumidores. A companhia começou a dominar o segmento há 20 anos, com um algoritmo de pesquisa que entregava resultados melhores que os da concorrência.
De acordo com o processo judicial, o Google criou um ciclo que reforça seu poder de monopólio através dos lucros obtidos com sua dominância de mercado. A empresa:
- firmou acordos de exclusividade que proíbem a pré-instalação de qualquer serviço concorrente de busca;
- fechou contratos que forçam a pré-instalação de seus aplicativos de pesquisa em dispositivos móveis, impedindo sua remoção do dispositivo;
- realizou uma parceria de longo prazo com a Apple exigindo que o Google seja o mecanismo padrão de busca no navegador Safari;
- usou lucros de monopólio para inserir seu mecanismo de pesquisa em dispositivos, navegadores e outros.
Google se defende
Em comunicado, o Google afirma que esta ação judicial “é profundamente falha”, e diz que as pessoas usam seus serviços porque querem. Segundo a empresa, o processo “daria destaque artificial para alternativas de pesquisa com qualidade inferior, aumentaria os preços dos celulares e tornaria mais difícil para os usuários obterem os serviços de pesquisa que desejam usar”.
Para o Google, é perfeitamente normal pagar para incluir seu serviço de busca, e outras empresas fazem a mesma coisa. Yahoo e Bing pagam para serem destacados no Safari, tanto no iOS como no macOS; enquanto PCs com Windows vêm com o Microsoft Edge instalado e configurado para usar o Bing.
No caso do Android, o Google argumenta que faz acordos com fabricantes e operadoras para poder distribuir o sistema de graça. “E mesmo com esses acordos, elas pré-instalam diversos apps e lojas concorrentes”, afirma a empresa.
No ano passado, o DoJ abriu um processo antitruste contra gigantes de tecnologia, incluindo Amazon, Apple e Facebook, além do próprio Google.